Como não errar ao deixar um emprego de longa data? Veja 6 desafios-chave

Aposentar-se de um emprego onde você esteve durante a maior parte da sua carreira é “agridoce”, pois representa saborear o encerramento de um capítulo com sucesso e enfrentar a transição para uma nova fase da vida.

Mas e sair de um emprego em que você esteve por anos ou décadas para iniciar seu próprio negócio ou ingressar em outra empresa? É uma experiência emocional e prática totalmente diferente.

Pode ser a escolha certa para sua vida e carreira, mas a transição pode parecer ambígua e não resolvida; você pode até ter que lidar com sentimentos de deslealdade. Ao refletir sobre a pesquisa de Dorie para escrever seu manual de transição de carreira intitulado “Reinventing You” (Reinventando Você) e a experiência pessoal de Natalie ao deixar uma carreira de 16 anos na academia, descobrimos que existem seis desafios-chave a serem considerados enquanto você contempla deixar uma empresa onde passou a maior parte da sua vida profissional.

Ruminar e questionar

É provável que o primeiro desafio que enfrentará é parar de questionar se deve ficar ou ir embora. Muitos profissionais passam anos ponderando se devem ou não deixar suas empresas de longa data, e só saem quando atingem um nível de infelicidade ou insatisfação que consideram intolerável.

Em vez disso, identifique pequenas formas de testar a premissa que gostaria de explorar (“Gostaria de ser fotógrafo profissional?”) e experimente dar os primeiros passos nessa direção (“As pessoas realmente pagarão pelo meu trabalho?”). Ao arquitetar o próximo passo enquanto ainda tem pouco a perder, você estará mais aberto a aprender. Depois poderá iterar e dar o salto com coragem e comprovação em vez de ficar bloqueado por impulsos perfeccionistas.

Por exemplo, Natalie sem querer prototipou sua empresa atual, a Figure 8 Thinking, depois de dar uma palestra TEDx em 2014. Em sua palestra, ela abordou como as empresas mais inovadoras criaram sistemas de improvisação e formas de trabalhar, comparando o futuro do trabalho ao jazz. Isso resultou em uma série de convites de empresas que a contrataram para aprofundar o tema. Na época, ela considerava a Figure 8 Thinking um esforço paralelo, um repositório para consultorias breves e palestras realizadas de forma concomitante ao seu trabalho em tempo integral. Mas essa atividade trouxe a ela informações sobre as necessidades do mercado, suas habilidades para atender a essas demandas e a respeito daquilo que ela realmente gostava de fazer. Daí sua atividade secundária acabou se tornando sua profissão.

Sentimento de culpa

Você construiu confiança e relacionamentos com seus colegas ao longo do tempo, tudo baseado em uma premissa central: eles podem contar com você. E agora você vai embora, talvez em meio a projetos de longo prazo aos quais poderia fazer contribuições significativas.

É natural que muitos profissionais sintam culpa por se despedir da sua equipe. Se você estivesse na empresa há apenas alguns anos, poucas pessoas se surpreenderiam por você estar seguindo em frente: hoje em dia, é isso que as pessoas fazem. Mas se você investiu tempo suficiente em uma organização, consciente ou inconscientemente as pessoas passam a ver você como veterano, ou alguém que passa a vida toda em uma mesma instituição ou profissão.

Além dos desafios comuns de uma transição, que você já esperava, como transferir seu fundo de aposentadoria, lidar com a papelada do departamento de RH e finalizar os detalhes de projetos, você pode enfrentar uma onda de emoções desafiadoras, dentre as quais preocupações sobre estar abandonando seus colegas de trabalho, receios sobre as percepções que eles terão a seu respeito, uma sensação de hipocrisia (“Ele disse que sempre estaria aqui para nós”) e até um sentimento de traição (“Como ela poderia nos deixar para ir para um concorrente?”).

Medo de perder seu status

Outra questão frequente ao sair de seu lar organizacional de longa data é abandonar o reconhecimento profissional – e a validação do ego – que veio com a posição que ocupa.

Quando Natalie pensou em trocar sua longa carreira acadêmica pelo empreendedorismo, percebeu que grande parte da sua hesitação estava ligada à sua identidade como professora, um status que ela tinha trabalhado arduamente para alcançar. Enquanto isso, empreendedores iniciantes (ou colaboradores mais jovens de uma empresa) frequentemente têm poucos indicadores de reconhecimento para destacá-los do grupo, e abrir mão desses indicadores pode parecer um retrocesso. Reconhecer a influência do ego – e escolher deixá-lo de lado – pode ajudar a abrir caminho para explorar novos territórios na reinvenção.

Necessidade de adaptação

Outra preocupação que vale a pena notar é sua capacidade de se adaptar a jeitos novos de fazer as coisas, ou hábitos não reconhecidos ou pontos cegos que, de repente, se tornam aparentes.

Por exemplo, se você trabalhou em um grande ambiente corporativo por um longo período, pode ter se acostumado a depender de um conjunto de recursos e orçamentos para realizar as tarefas. Se você está saindo de onde está para se juntar a uma organização sem fins lucrativos menor ou para começar seu próprio negócio, a capacidade de se tornar multifacetado e desenvolver criatividade engenhosa será essencial.

Ou, se estiver fazendo uma transição para uma organização muito maior com muitas camadas, dê a você mesmo tempo para observar, aprender a cultura e construir relações com os principais players (tanto lateral quanto verticalmente), de forma a não pisar, sem querer, em calos. Tornar-se consciente de seus “hábitos mentais” permitirá se ajustar mais rapidamente e evitar cometer erros inadvertidos em sua nova posição.

Gestão das percepções dos seus novos colegas

Também é importante reconhecer que, justa ou injustamente, seus novos colegas podem considerar você, ou suas habilidades, desatualizados ou limitados. Para mitigar esse risco, pense em comportamentos que deseja enfatizar (sua vontade de aprender novas tecnologias ou sistemas) ou evitar (fazer referência constante aos seus “dias de glória”).

Dorie conheceu um executivo cujos colegas brincavam de contar o número de vezes, em reuniões, que ele fazia referência à forma como a sua antiga empresa fazia as coisas. Não foi surpresa que ele durou pouco na nova empresa. É importante telegrafar aos outros que você está disposto a aprender novas abordagens e não está preso ao passado.

Equilíbrio entre emoções opostas

É compreensível que queiramos que nossa reinvenção profissional seja clara e lógica: uma evolução para cima e para a direita. No entanto, especialmente ao deixar uma empresa onde estivemos por anos, é importante reconhecer que a jornada emocional provavelmente será mais nebulosa, mesclando emoções de tristeza e melancolia. Você está animado por causa de toda a nova aprendizagem, descoberta e aventura que estão pela frente. Mas é provável que também se sinta triste e receoso. E se você fracassar? E se perceber que não é muito bom em seu novo empreendimento? E quem é você se não é o papel que desempenhou tão bem nos últimos anos?

De fato, Natalie questionou se não havia sido uma questão de sorte com seus compromissos paralelos iniciais, ou se eles apenas resultaram de um “efeito halo” devido à sua afiliação com a universidade. As pessoas continuariam a contratá-la se ela fosse independente? Ela sofreu de uma versão da síndrome do impostor, que ela trabalhou em parte ao programar para si mesma um retiro pessoal de uma semana. Em retrospectiva, aquele tempo que passou sozinha, enfrentando suas esperanças e medos de forma construtiva, foi fundamental para o salto adiante que viria a dar.

É importante reconhecer que, em uma situação como esta, é natural sentir um misto de emoções; como orienta Natalie, o momento certo para sair do seu antigo emprego é quando você se sente 50% aterrorizado e 50% empolgado, porque o terror vai te aterrar e a alegria vai te manter otimista e flutuante.

Fonte: www.infomoney.com.br

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Como não errar ao deixar um emprego de longa data?

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